Criada em 17/08/2018 às 18h11 | Política brasileira

“Qual seria a alternativa? Voltar à grade e ao arado?”, afirma ministro Blairo Maggi ao defender liberação do glifosato no Brasil

Para ministro da Agricultura, as críticas ao produto não têm fundamento e soam como "lenda urbana". “É um produto absolutamente seguro, usado há anos na agricultura e desde que me conheço por gente”, afirmou. Pesticidas baseados em glifosato geraram condenação nos Estados Unidos.

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Blairo Maggi durante congresso sobre uso do solo no Rio: “Se não houver glifosato para iniciar o plantio, não haverá plantio… Se houver proibição mesmo, não vai plantar, ou vai ter desobediência civil para fazer isso…” (foto: Mapa)

“O glifosato é que dá toda viabilidade de fazer plantio e seguir com as culturas. E a alternativa qual seria? Voltar à grade e ao arado? E isso não tem mais nas fazendas, e ainda seria um desastre ecológico muito grande…”. A frase é do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, ao defender que eventual proibição definitiva do uso de glifosato no Brasil seria um desastre para a agricultura do país.

“Se não houver glifosato para iniciar o plantio, não haverá plantio… Se houver proibição mesmo, não vai plantar, ou vai ter desobediência civil para fazer isso…”, afirmou Blairo, no Rio de Janeiro, onde participou de evento sobre conservação do solo. Para o ministro, que é empresário do setor, apesar de preocupado, confia na derrubada da decisão judicial proferida no início deste mês suspendendo o registro do glifosato, um agroquímico usado há décadas no mundo.

Para ele, as críticas ao produto não têm fundamento e soam como "lenda urbana". Ministro da agricultura desde 2016, Blairo Maggi já comandou o Grupo Amaggi, grande produtor de soja do país.

Pela decisão proferida no dia 3 de agosto, a Justiça determinou que a União suspenda, no prazo de 30 dias, o registro de todos os produtos que utilizam o glifosato e outras substâncias até que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) conclua os procedimentos de reavaliação toxicológica.

“Isso (que dizem do glifosato) é lenda urbana. É um produto absolutamente seguro, usado há anos na agricultura e desde que me conheço por gente”, acrescentou o ministro.

NOS EUA

Recentemente, um juri da Califórnia declarou a Monsanto culpada em um processo aberto por um homem que a alega que os pesticidas baseados em glifosato da empresa, incluindo o Roundup, causaram câncer nele. A companhia foi condenada a pagar US$ 289 milhões (R$ 1,1 bilhão) como indenização. Depois do veredito, a companhia enfrenta mais de 5.000 ações semelhantes nos Estados Unidos. A Monsanto nega que o glifosato, o herbicida mais usado do mundo, cause câncer, dizendo que décadas de estudos científicos comprovam que o pesticida é seguro.

USO DO SOLO

O desafio do equilíbrio entre a proteção da biodiversidade e o manejo sustentável da terra para produção agrícola domina o debate no 21º Congresso Mundial de Ciência do Solo, realizado nesta semana no Rio de Janeiro. O evento, que acontece pela primeira vez na América Latina, e que vai até esta sexta-feira (17) com o tema “Ciência do solo: para além da produção de alimentos e de energia”, é produzido pela União Internacional da Ciência do Solo, conta com a presença de especialistas de mais de cem países e cerca de 4 mil participantes.

Homenageado com a Medalha Álvaro Barcellos, durante o Congresso, em reconhecimento pela sua contribuição à agricultura e à ciência do solo, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, destacou em seu discurso o programa ABC, que prevê a integração da lavoura, pecuária e floresta, “responsável por aumento vertiginoso da produtividade”, a preservação de mananciais e de florestas nas propriedades rurais e a coleta de 98% de embalagens que vão para o campo.

O ministro destacou a necessidade que o solo em regiões tropicais tem de introdução de material orgânico para produzir e o papel da Embrapa no desenvolvimento de tecnologia para torná-lo produtivo. Lembrou ainda que o Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2018/2019 tem recursos previstos para a recuperação do solo com taxa de 5,25% ao ano. E comentou sobre a importância da troca de informações no evento, enfatizando que todos ganham com isso.

Estande do Mapa no Congresso reúne informações técnicas sobre o Programa Nacional de Solos do Brasil, que tem como objetivo mapear 8,2 milhões de km² do território nacional até 2048. Os dados gerados vão subsidiar políticas públicas no meio rural e nas cidades. A Embrapa, vinculada terá um estande para apresentação de suas tecnologias e avanços na ciência do solo. (Com informações da Folha, Exame e Mapa)

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