Criada em 30/08/2018 às 00h29 | Política brasileira

Tabelamento do frete é um retrocesso, diz Alckmin; candidato promete reeditar MP que proíbe desapropriar área invadida

Declaração do candidato do PSDB à Presidência foi dada durante encontro com produtores e líderes do agro na CNA. "O caminho do futuro é ter uma regra para a Petrobrás não fazer permanentemente reajustes, mas fazer uma média, e você ter um colchão tributário para esses momentos", disse.

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Alckmin sobre segurança jurídica: "Vou reeditar a medida provisória do ex-presidente Fernando Henrique que proibia terra invadida ser desapropriada para efeito de reforma agrária (Foto: CNA\Divulgação)

Questionado durante o Encontro com os Presidenciáveis 2018 promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Conselho do Agro, em Brasília, o candidato à Presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin, classificou de retrocesso o tabelamento do frete no Brasil.

“O tabelamento de frete é um retrocesso, um negócio que não tem o menor cabimento. O caminho do futuro é ter uma regra para a Petrobrás não fazer permanentemente reajustes, mas fazer uma média, e você ter um colchão tributário para esses momentos", disse. 

Geraldo Alckmin foi questionado também sobre qual atitude tomará em relação ao tabelamento obrigatório do frete. "Outra coisa é tornar o combustível mais barato, estamos exportando petróleo e importando derivados porque não temos capacidade de refino. O refino embora não seja monopólio estatal por lei, é monopólio na prática. Porque não investir mais em refinaria? Evita o frete para ir e para voltar o derivado do petróleo e gera emprego no Brasil, porque a Petrobrás não tem dinheiro para tudo, foi para o pré-sal porque é rápido, está crescendo 40% ao ano", destacou. "Eu defendo trazer empresas privadas para o pós-sal, postos maduros que vão beneficiar muito o nordeste brasileiro, trazer investimentos privados, empresas especializadas em postos maduros e a iniciativa privada para ampliar o refino no Brasil. O problema é quem vai querer investir com essa insegurança jurídica que foi criada. Esse é que o problema: confiança e firmeza nas decisões, fruto de uma conjugação de problemas e de uma solução ruim”, complementou.

CRIMINALIDADE NO CAMPO

Sobre o tema criminalidade no campo, o candidato afirmou que só quem não vive no meio rural sabe os problemas que o campo enfrenta. “Em relação à segurança jurídica, vou reeditar a medida provisória do ex-presidente Fernando Henrique que proibia terra invadida ser desapropriada para efeito de reforma agrária. Em relação à segurança pública, primeiro, sou favorável que na área rural você tenha porte de arma totalmente facilitado. Mas é claro que é o governo que tem que combater organizações criminosas. Equipamentos e defensivos agrícolas são caríssimos. Você tem que ter investigação. Eu vou criar no governo federal uma agência unindo forças armadas, Abin, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e dos estados, porque crime não tem fronteira. Vou criar também uma guarda nacional permanente exatamente para poder apoiar a questão do crime no campo. Governar é escolher e problema de segurança é no Brasil inteiro. O governo federal vai liderar esse trabalho: inteligência, informação, tecnologia e a guarda nacional. Outra questão é fazer parceria com estados e municípios. Nosso sistema está capenga, precisamos trazer os municípios para ser nossos parceiros. Vamos atuar em conjunto e ter resultados. O Brasil é o país da regra, precisamos ser o país do resultado. Essa questão é essencial, ter uma polícia especializada na área rural.”

GASTOS PÚBLICOS

O candidato foi questionado sobre o que pretende fazer em relação aos gastos públicos, se irá aumentar ou diminuir impostos para sanar o problema. De acordo com Alckmin, é necessário fazer investimentos e reformas no governo.

A resposta de Alckmin foi: “Como vai zerar o déficit em dois anos? Não tem solução se o Brasil não voltar a crescer. O país precisa crescer. Cresce, segura os gastos e abre espaço fiscal para poder zerar o déficit para poder investir. Para o Brasil voltar a crescer precisa ter investimento e para isso tem que ter confiança de que vai pegar o rumo correto com rapidez, não perder tempo. Para isso, primeiro, é necessária a redução de despesas, dá para reduzir infinitamente mais do que se imagina. Segundo, fazer reformas. A reforma às vezes não traz efeito amanhã, mas ela evita de piorar no futuro. A confiança traz investimentos. Sobra dinheiro no mundo. A economia mundial esse ano vai crescer quase 4% e temos que aproveitar, isso não vai ser eterno. Temos que agir com rapidez para o Brasil poder retomar sua atividade econômica forte.”

GUERRA COMERCIAL

Em relação ao comércio internacional e as políticas protecionistas que influenciam na abertura de novos mercados para o setor, o candidato defendeu a abertura comercial e uma agenda de competitividade para reduzir o custo Brasil. “Precisamos fazer uma maior abertura comercial. Nós temos 3% do PIB do mundo, 1% do comércio exterior. Qual a dificuldade para competir? O custo Brasil. O Brasil ficou caro, perdeu competitividade. Precisamos agir na causa do problema e teremos uma agenda de competitividade, simplificação tributária, zerar o déficit, recuperar a capacidade de investimentos, tornar o dinheiro mais barato, colocar os bancos para competir, desregulamentar, desburocratizar, destravar a economia, investir na educação básica. É um equívoco o protecionismo, vai prejudicar o crescimento da economia mundial. O comércio é o caminho para a paz, para o crescimento, para o emprego, para melhorar a vida da população. Eu vejo no comércio exterior e na política internacional um grande caminho para gente poder avançar mais e com uma agenda de competitividade para reduzir custo Brasil. Precisamos defender o produto brasileiro que já é vítima de protecionismo lá fora, ter diplomacia e fazer acordos comerciais. Se os outros fazem e nós não, vamos perder a preferência e perder mercado”, disse o candidato.

O ENCONTRO

Quatro candidatos à Presidência da República nas eleições deste ano apresentaram as propostas para o setor agropecuário nessa quarta-feira, dia 30. Alvaro Dias (Podemos), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede) participaram do evento e destacaram o que pretendem fazer para solucionar os gargalos do setor caso vençam o pleito em outubro.

Além de apresentar as proposta do setor, os candidatos receberam o documento “O Futuro é Agro 2018-2030”, elaborado pelas 15 entidades que integram o Conselho do Agro. (Com informações da CNA)

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